domingo, 26 de janeiro de 2014

Fraqueza Maior


A escalada da violência e a inoperância das “notoriedades” é de um absurdo que revolta quem conserva alguma dignidade do lado de cá e deveria envergonhar quem a tivesse do lado de lá. Não uso a palavra autoridade porque esta é sempre de natureza moral e precisa ser reconhecida. A maioria do lado de lá busca apenas a notoriedade dos instrumentos de status e poder, falta-lhes o essencial para merecer meu reconhecimento.
A polícia diz que não prende porque a Justiça solta. A Justiça diz que solta porque os presídios estão lotados. O Executivo diz que os presídios estão lotados porque a Justiça não julga e não libera os delinquentes menores. E todos dizem que não fazem mais por falta de recursos. Pedem mais policiais, juízes e... impostos. Assim se consuma o duplo assalto: dos bandidos e do erário. Resta aderir e delinquir também. E nem Estado, nem sociedade, com a exceção de alguns indivíduos fazem por melhorar, justificando-se pela fraqueza e pela culpa tanto alheia quanto própria. Fraqueza gera fraqueza. Esta “fraqueza maior” que a todos contamina e a todos redime é a justificativa típica da criança – incapaz por natureza. O Luís Lamb matou: “Não somos um país jovem, somos um povo infantil”. Mas isso não nos redime.

A “fraqueza maior” assumida como natural em nós se agrega ao “caso fortuito” e à “força maior”: as redenções da responsabilidade reconhecidas pelo Direito. Diante do acaso imprevisível e do determinismo incontrolável a vontade se ajoelha e a soberba se humilha. Mas também a culpa se esvai. Nada a fazer. Só resta aceitar o curso dos acontecimentos. Dar de ombros é sensatez, pois nada mais nos compete. Porém, a ação humana adulta requer a boa prática: prudência, pelo menos, senão previsão; técnica sempre aprimorada; e atenção, quando não cuidado extremado. Qualquer falta aqui é culpa: imprudência, imperícia e negligência. Culpa ou incapacidade? Veredicto: culpa "e" incapacidade.
O Estado deveria cuidar da sociedade e fazê-la amadurecer como um pai. Quando o pai é incapaz resta à criança amadurecer por seus próprios meios ou, o que é mais provável, reproduzir a incapacidade na próxima geração. De qualquer forma chorar pelo pai não adianta. Pedir mais pai só cristaliza e reproduz a incapacidade.

A Filosofia da Banana


O que é a banana? Uma fruta responde o simplista - e para o sábio isso basta. O fruto comestível e sem sementes da bananeira explica o detalhista. Uma pseudobaga partenocárpica rica em potássio de uma herbácea acaule do gênero Musa originária do sudeste da Ásia - complica o cientista.
Se o cientista busca as respostas mais precisas, o filósofo busca as perguntas mais inusitadas, ambos igualmente ininteligíveis e chatos. Mas o filósofo é mais chato porque não se contenta com uma explicação e procede num rosário interminável de questionamentos e analogias.
Se a banana “é” o fruto, o que é mais banana, a polpa comestível ou a casca que a protege? Ou ambas? Se retiro a casca, ainda tenho a banana? Mas onde começa a polpa e onde termina a casca? Aqueles fiapos que se grudam na polpa são resíduos da casca ou adições à polpa? A polpa nasce da casca? Ou a casca é criada para protegê-la? O que podemos aprender sobre nós mesmos com a banana? Nós somos a casca da nossa personalidade ou o âmago do nosso self? É o self que escolhe os papéis sociais que definem a personalidade ou são esses papéis que conformam a noção de self?
E paro por aqui para que não me tachem de filósofo.